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terça-feira, 27 de novembro de 2012

70 anos de “Casablanca“

Chama-se Casablanca, mas é Lisboa que aparece como destino e é com a rota para a capital portuguesa que o filme começa e termina. Trata-se de uma das mais míticas fitas de Hollywood, mas foi um sucesso inesperado. Começou logo por ter uma estreia apressada porque a ficção foi ultrapassada pela realidade.


A fita só deveria chegar aos cinemas na primavera de 1943, mas nos princípios de Novembro de 1942 a verdadeira Casablanca era invadida por tropas americanas.

Para aproveitar a publicidade gerada por este primeiro grande desembarque americano num teatro de operações próximo da Europa, a edição do filme foi acelerada e Humphrey Bogart, Ingrid Bergman e Paul Henreid surgiram juntos no écran na noite de 26 de Novembro de 1942…

Para a generalidade das salas a fita só seria distribuída em Janeiro e não seria sequer um dos principais êxitos de bilheteira desse ano. Só que aos poucos o filme afirmou-se e na noite dos Óscares levaria para casa três estatuetas.

A Portugal a realização de Michael Curtiss só chegaria após o final da guerra. O Politeama anunciou a estreia exclusiva no dia 17 de Maio de 1945, mais de uma semana depois da assinatura da rendição Nazi…

Um dos anúncios da estreia de Casablanca em Portugal.
(Diário de Lisboa Online - Fundação Mário Soares)

Diz-se que por causa da censura os jornalistas nacionais escreviam a verdade nas entrelinhas. Olhando para a crítica que saiu no Diário de Lisboa no dia seguinte, fico com duvidas se o quadro descrito pelo jornalista não é aquele que ele conheceu na Lisboa dos anos da guerra… sem nunca o poder escrever.

Crítica ao filme ou um retrato de Portugal. Artigo publicado no "Diário de Lisboa" a 18 de Maio de 1945.
 (Diário de Lisboa Online - Fundação Mário Soares)

E numa altura em que muitos oposicionistas alimentavam a esperança de que as potências aliadas derrubassem também os fascismos Ibéricos, o autor deste texto parece também descrever o ambiente policial que se vivia pelo país, deixando, de forma quase fugaz, um apelo à liberdade quando salienta a forma como o publico aplaudiu “freneticamente” a cena em que é cantada a Marselhesa.

Deixo a abertura e o final desta fita… fica também uma das mais conhecidas tiradas do cinema dita por uma das maiores divas que passaram pelos écrans.

Também eu digo – obviamente, sem a mesma classe de Ingrid Bergman – “Play it, Sam”…

Cena de abertura do filme onde se desenha a rota percorrida pelos refugiados do centro da França até Lisboa. Na realidade a maioria dos que passaram por Portugal utilizaram uma rota mais directa, através de Espanha.

A mais conhecida tirada do filme "Play it again, Sam", nunca existiu. Ingrid Bergman nunca diz essa frase, mas a verdade é que ela se identifica automaticamente com o filme.


O avião parte para Lisboa e Bogart fica para trás e mata um oficial alemão. O comandante da policia francêsa, um oportunista  ao longo de todo do filme, fecha os olhos. É o princípio de uma bela amizade...

Carlos Guerreiro

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